quinta-feira, 20 de setembro de 2012

ABF: Dragões de Éter

Antes de mais nada, apenas para esclarecer: ABF será a sigla que usarei para Autores Brasileiros de Fantasia (ou Ficção Científica). Então, sempre que vir esta sigla saberá que é um post sobre um livro de autor nacional.

Já faz meses que terminei a Trilogia Dragões de Éter, mas não conseguia finalizar esta resenha! (mais especificamente, a do 3º livro)
O motivo é que o último livro pra mim foi simplesmente decepcionante. Esta é a palavra pra definir: decepção!!!
Eu comecei a série super empolgada e continuei empolgada após terminar o 1º livro - que é realmente bom -, mas ao longo da leitura do 2º foi batendo um forte desânimo.

O pior é que eu fiz MUITA propaganda destes livros mesmo antes de lê-los por se tratar de um autor nacional escrevendo Fantasia e ficando ligeiramente famoso. E esta trilogia já estava na minha lista há MUITO tempo, então eu estava realmente ansiosa para ler!!!


Desde que o Box com os 3 livros de Dragões de Éter chegou eu estava muito ansiosa para começá-lo. Ele chegou junto com Os Arquivos do Semideus (Percy Jackson), Contos Inacabados e Filhos de Húrin (Tolkien) e como eu já tinha começado a série PJ resolvi continuar até o fim.
Conheço uma meia-dúzia de autores brasileiros de Fantasia já publicados, mas este foi o primeiro que pude comprar e ler.

Antes de falar de cada livro quero comentar a edição. Sinceramente, fiquei impressionada. Os 3 livros tem o título em alto relevo brilhante, a capa é mole porém resistente, e as páginas são daquela folha amarela de boa qualidade. Já o Box achei o papelão fino e frágil demais. Logo ao abrir a embalagem acabei amassando um pouco sem querer. Pelo peso e tamanho dos livros, o Box tinha que ser feito de material mais resistente!

Eu fiz as resenhas ao fim de cada livro, por isso será possível notar facilmente a mudança de tom. 

De tempos em tempos surgem "modas literárias" que se estendem para o cinema e para as séries de TV, ainda mais nos segmentos de Fantasia e de Jovens Adultos. No momento uma das modas é criar versões peculiares dos famosos Contos de Fadas. Temos séries como Grimm, regravações de Robin Hood, Branca de Neve e de A Bela e a Fera... e livros como Dragões de Éter, que tem como base principal alguns dos contos mais conhecidos, mas se entrelaçando e com histórias reconstruídas sob um ponto de vista bem diferente e interessante.


Dragões de Éter: Caçadores de Bruxas
26 de Maio de 2012


As primeiras 100 páginas passam devagar e a história pode até parecer muito chata, mas a partir daí a história começa a se desenvolver e a trama aparece e se torna interessante com algumas surpresas no caminho. No entanto, é a partir da página 300 que realmente prende. A partir daí li 75 páginas de uma vez e só larguei porque precisei.

O livro parece ser completo. Não deixou pontas soltas e o final realmente foi um final, o que me leva a achar que os outros 2 livros não são tão necessários para compreender o todo, como se fossem só continuações.

Uma das coisas que mais gostei foi o estilo de escrita informal do autor. É como se ele estivesse conversando com você. Ele se coloca na identidade de um bardo, um contador de histórias simpático. Ao final do livro comprovei minha suspeita a respeito da identidade deste contador de histórias, porém não vou revelar para não estragar sua leitura.

Outra coisa que ele fez e era o que eu vinha procurando em histórias de Fantasia é que ele não segue a famosa receita da Jornada do Herói. Nada contra! Minhas 3 histórias favoritas a seguem, no entanto tantas outras também a usaram que já estava ficando enjoativo!
Em Caçadores de Bruxas temos personagens diversos nos papéis principais que em circunstâncias comuns não se encontrariam e nem muito menos conviveriam: 2 pré-adolescentes, uma adolescente, 2 príncipes, 1 troll, um sábio excêntrico professor e estrategista, 1 caçador, 1 rainha fada, 1 rei, 1 pirata, 2 ladrões, 1 anão, 1 maga branca, 1 bruxa e 1 rainha e 1 princesa de outro país.

Dracon também não se prende a um mundo estritamente medieval. Na verdade seria muito difícil situar a sociedade de Andreanne ou de toda Nova Éther em alguma época típica nossa, pois é um mundo que teve um desenvolvimento próprio. Isso aliado à ausência da Jornada do Herói tornam Dragões de Éter uma Fantasia diferente, que não segue clichês ou receitas de bolo!

Porém, algumas coisas me incomodaram:
- A primeira foi os personagens terem sobrenome ingleses. Por serem a grande maioria dos livros de fantasia escritos por ingleses ou americanos acho que nos acostumamos tanto a isso que nos sentimos "presos' ao uso de sobrenomes ingleses (ou estrangeiros). É como se fosse uma regra a qual ninguém ousa desobedecer. Gostaria de ver uma obra brasileira que usasse nomes e sobrenomes em português e que soasse convincente.

-  A outra coisa a me incomodar foram as diferenças brutais de palavreado. Os adolescentes usam uma linguagem excessiva em gírias como se estivessem no século XXI, quando fica bem óbvio que a história está numa época com valores morais e culturais que não condizem com essa forma de expressão. Enquanto isso os orcos (é orcOs mesmo... não orcs) parecem ser cariocas. Já a família real usa uma mistura de pomposidade com jeito comum de falar pouco convincente e que soa meio errada, meio sem concordância.

- E por fim, o autor falha miseravelmente nas explicações de como seu mundo funciona. Ele dá extensivas e mirabolantes explicações sobre o funcionamento de certos fenômenos, como seu quisesse dar a entender que fosse algo científico e não mágico. Mas ele se esquece que seu livro é de Fantasia e não de Ficção Científica. Enfim... essas partes - como na passagem da viagem do unicórnio - são extremamente chatas e cansativas.

A questão dos semideuses pode parecer esquisita e complicada de entender. Só posso dizer que é tão estranha quanto tentar entender plenamente a relação entre os daemons (ou dímons) e as pessoas de Fronteiras do Universo.

Como não poderia deixar de ser com praticamente todos os livros de Fantasia atuais, encontrei semelhanças com os livros de Tolkien (autor da famosa trilogia Senhor dos Anéis, mas que tem um legendarium muito maior). Eis os 2 pontos que mais me chamaram a atenção:

- Para mim a Rainha Fada Terra foi clara e totalmente inspirada em Melian, a Maia. Não apenas por ter se apaixonado por um ser de hierarquia inferior e que acabou se tornando um Rei, como pela postura dela(s), que  para mim é muito equivocada.
Não faz sentido nenhum pra mim uma Maia ou uma Fada, de hierarquia "divina" ou "sobrenatural" superior se tornar submissa, porque submissão nada tem a ver com amor. Se você é muito mais sábia e poderosa e tá vendo seu marido Rei fazendo besteira atrás de besteira e, pior, INJUSTIÇA atrás de INJUSTIÇA vai abaixar a cabeça, se conformar e concordar??? Ah, não me entra na cabeça essa "não interferência", só porque é um ser do sexo feminino, mesmo sendo superior em vários quesitos!!!

- Embora esteja na moda agora, recontar e reconstruir Contos de Fadas não é nem de longe novidade. Tolkien fez isso em O Senhor dos Anéis em em outros livros do legendarium. A diferença é que Tolkien fez isso de uma forma tão sutil que pouca gente percebe, pois o objetivo dele era muito mais fazer apenas uma referência, como se quisesse mostrar a verdadeira origem dos contos, do que citar os contos de forma explícita, como faz o Raphael Dracon e outros autores e roteiristas tem feito atualmente. Um exemplo disso é como Arwen é a própria Branca de Neve e Éowyn é a Bela Adormecida. Só que as referências são tão sutis, que só prestando muita atenção ou estudando a fundo o assunto pra notar.



Dragões de Éter: Corações de Neve
10 de Junho de 2012

ATENÇÃO! CUIDADO: ALGUNS SPOILERS LEVES!!!


Este foi um livro um tanto quanto decepcionante se comparado ao anterior. Ele é mais volumoso que o 1º (e o 3º é ainda mais) e, no entanto, achei muitas partes desnecessárias ou que poderiam ser mais resumidas.

Lembram que eu falei que no livro anterior havia uma explicação desnecessária e enfadonha sobre a capacidade de um unicórnio de se teletransportar? Pois bem... Neste há muito mais "explicações" desse tipo, que só servem para confundir e fugir do que interessa de fato: a história. A impressão que tive é que o autor quis dar um ar de Ficção Científica com um toque de sofisticação, mas que não deu muito certo, não foi bem sucedido.

Logo no começo há páginas e páginas de explicações e descrições feitas por um gnomo sobre "magia vermelha". Não acho que seja ruim o autor querer colocar em seu mundo imaginário algo equivalente a uma Revolução Industrial, no entanto, faltou-lhe habilidade para inserir tais conceitos de uma forma que não se tornasse aborrecida. Misturar magia com conceitos científicos e religião (não só nessa parte, mas em várias outras, como ao querer explicar como funciona a habilidade especial de Liriel - o que poderia ser, e já foi em outras obras, explicada de forma muito mais simplificada) pode ser uma armadilha para estragar a obra toda. Por isso, em geral, prefiro a Fantasia onde as coisas simplesmente são.
Ok. Em obras como Harry Potter existem também explicações e regras para a magia - e isso dá plausividade ao universo em questão -, porém não são tão pretensiosamente requintadas e, por consequência, confusas. Ficou a impressão que Raphael Dracon quis dar um passo bem maior que a perna e se perdeu.

Neste livro temos a introdução do que pode vir adiante - de novas histórias para lá de conhecidas se desenvolvendo de forma única e se intercalando com as demais que já tínhamos. Maria - bem para o final - deixa de ser apenas a protagonista de João e Maria e se torna uma das mais importantes princesas conhecidas. Aliás, logo no começo sabemos também qual é, por alto a "verdadeira" (repare nas aspas) história de praticamente todas as princesas (aquelas que conhecemos como Princesas Disney). E isso me lembra também que finalmente Branca Coração-de-Neve (que teve uma participação considerável no 1º) faz jus ao nome que recebeu.

Do outro lado conhecemos "novos personagens" velhos conhecidos: Robin Hood e seu bando. Embora sempre tenha gostado dele como personagem clássico, confesso que achei essas partes MUITO chatas.

Continuamos acompanhando a adolescência de Ariane e João. Eles até que amadurecem bastante, mas João fica aquele típico adolescente xarope e revoltadinho querendo mostrar que é macho. O que mais me surpreendeu foi que de todos os livros sobre personagens adolescentes este foi o que chegou mais perto de mostrar como um adolescente de fato É.
Não grandes heróis super inteligentes e super confiantes e super poderosos (ainda que tenham poderes), mas apenas crianças cujo corpo e mente estão mudando e entrando no mundo adulto de forma rápida e abrupta demais, causando muita confusão e, por consequência, atitudes e reações inesperadas para aqueles com quem convivem.

O país de Minotauros parece uma forte mistura entre Esparta e Alemanha Nazista e lógico, como não poderia deixar de ser com esse perfil, eles aparecem e vêm a Arzallum com o único intuito de preparar o terreno para uma futura guerra.

E falando em política externa, neste livro todos os monarcas do continente ocidental Ocaso estão presentes por 2 motivos: o 1º aparece logo de início, é a coroação de Anísio. O 2º é o torneio mundial de Pugilismo que toma mais da metade do livro. Para quem - como eu - não gosta nem um pouco de boxe essa parte foi realmente para lá de massante. As descrições de cada golpe, costela quebrada e olhos inchados foram totalmente desnecessárias para quem não se interessa pelo assunto. Nunca suportei boxe, nem UFC, nem nada do tipo... Não vejo sentido e nem graça nenhuma em 2 idiotas se batendo, se machucando, só para provar que um é "mais macho" que o outro. Qual a lógica e qual o prazer de ficar todo quebrado?
Cheguei até a pular algumas partes (as sequências que, de qualquer forma, não significam nada para mim).

Entretanto, foi nessa parte, na descrição do alvoroço criado na cidade, nas reações do público e até na política do reino de "limpar" as ruas da cidade durante a competição para que tudo pareça perfeito aos olhos dos estrangeiros que o autor conseguiu dar um ar inconfundível de genuína brasilidade. Porque ele passou perfeitamente a sensação que temos aqui durante a Copa do Mundo ou até mesmo como era quando Ayrton Senna corria no GP do Brasil e ganhava aqui.

Neste livro fica mais perceptível, mais forte o que já tinha sido mostrado, ainda que de forma discreta, no 1º livro: o Reino Perfeito (Arzallum) não tem nada de perfeito e nem mesmo sua família Real. Há nobres que lidam com magia negra e apesar de ter havido no passado uma Caçada de Bruxas estes ficaram impunes graças à sua posição social. Há militares corruptos e mal intencionados e há soldados com cérebro de ervilha que só sabem cumprir ordens e não compreendem ou não se importam com as consequências de ordens absurdas. E Primo Branford era pior do que pensávamos, o que me faz questionar Terra novamente.

A relação entre Axel e Anísio ficou muito esquisita! Não sei se o autor já havia planejado a história como uma Trilogia ou se a continuação foi encomendada. Mas que ficou muito estranho, ficou.
No 1º livro os irmãos eram super unidos, os melhores amigos... Neste passam o pouco tempo que tem juntos brigando como cão e gato por um motivo que está no passado e que foi o motivo de Anísio ter partido para As Sete Montanhas. Quando finalmente a história toda é revelada a coisa toda parece sem lógica se confrontarmos com que nos é dito no 1º livro. A infância dos 2 parece ter sido muito diferente e muito afastada e sem nenhum pingo daquela tão proclamada união entre eles.

Esse livro também mostrou que Axel Branford também não é essa Coca-Cola toda, não! Fiquei com muita raiva dele, pois com Maria ele se mostrou igual a qualquer homem comum que engana e trai. Que dá propositalmente esperança e promete o que SABE que nunca poderá cumprir! Aliás, os irmãos Branford parecem se esquecer que o pai e os tios - que também são Reis - nasceram na plebe e não em berço de ouro.

Algumas, digamos, soluções encontradas para a história de João no final, depois do torneio - também me pareceram forçadas. Fiquei com a forte impressão de que muito provavelmente o autor não gosta nem um pouco de Alexandre Dumas, pois neste livro todos os nomes dos heróis de Dumas foram usados para designar coisas ou personagens ruins. O que me desapontou bastante, pois amo as histórias do Dumas!

Desde Caçadores de Bruxas estranhei que o local equivalente ao inferno neste universo fosse chamado de Aramis. Justamente o mais religioso dos 3 mosqueteiros. No 2º livro, Athos - outro mosqueteiro - é um capitão da guarda gordo, preguiçoso, rancoroso e invejoso. Mas o PIOR foi o que Dracon fez com o Conde de Monte Cristo que virou um conde sombrio, cadavérico e metido até o último fio de cabelo com o pior da magia negra. Quando vi o nome do Conde do Ódio até fui perguntar à minha mãe se era aquele nome mesmo!

Como no 1º livro a história só se desenrola melhor nas 100 últimas páginas, que é quando não dá mais vontade de parar até terminar. Também como no 1º, o Corações de Neve tem um final completo. A história poderia terminar nele sem problemas, apesar de uma ponta solta ou outra - como a iminência da guerra.

Mais para o fim do livro o autor pega uma mania muito irritante de ficar intercalando diálogos passados (em itálico) com diálogos presentes... Mas assim... O TEMPO TODO!
Outra mania irritante - e esta vem desde o início - é de ficar fazendo observações do uso de pronomes de tratamento entre os nobres. Coisa que o leitor poderia perceber sozinho ou que, se fosse mesmo necessária tanta explicação, poderia e DEVERIA ser feita de outra forma, mais leve.
E mais uma coisa; aparentemente TUDO que acontece vai "mudar o mundo". Mas qualquer coisa mesmo!!! Aff...

Como o autor - que tanto gosta de dar explicações e descrições longas - não descreve muito da aparência dos personagens e nada sobre figurino usado pelos personagens, isso dificulta um pouco imaginar como eles são e como vivem. Em que tipo de cultura e época esse mundo vive. Talvez se Dracon tivesse usado melhor o espaço descrevendo detalhes importantes do que mirabolâncias pseudo-científicas o livro seria melhor apreciado.

Por fim, não sei se foi falha da edição que recebi ou se são todas assim: justamente no livro em que o mapa se fazia mais útil, não tinha mapa! Tem no 1º e no 3º... no 2º não.



Dragões de Éter: Círculos de Chuva
29 de Junho de 2012

ATENÇÃO! CUIDADO: MUITOS SPOILERS!!!


O último livro, Círculos de Chuva deveria ser o grand finale de uma ótima história que soube integrar e mexer com vários contos de fadas - e até com histórias de outros autores antigos - de uma forma criativa, cativante e deliciosa. E a julgar pelo tamanho, é o que parecia ser mesmo. Só que não. Não foi.

Falando claramente - OLHA O SPOILER - a impressão que eu tive foi que toda essa enorme saga (olha o tamanho de cada volume) tinha como único objetivo contar o amadurecimento do João até se tornar um cavaleiro renomado. Tudo bem... Só que todo o resto se tornou totalmente irrelevante e desnecessário!!! Até mesmo a Ariane ficou em segundo plano no fim das contas. Ela que era uma garota especial, que tinha nascido tocada e etc... acabou não tendo um destino tão grandioso quanto o tempo todo foi anunciado que seria!
Sinceramente, se João era o personagem principal o tempo todo e se só a história dele interessava não havia MESMO a necessidade de tanta mirabolância e reviravoltas. De tantos e tantos personagens.

O final de Maria foi especialmente irritante!!!
O autor quis colocar um toque de realidade na relação dela com Axel numa história que - o tempo todo! - foi sobre Contos de Fadas contados sob um outro ângulo. Na própria Maria temos mais de uma personagem clássica conhecida. Isso, por si só, já foi estranho e incoerente, mas dava pra engolir. Aí no final o autor destrói a reputação dela perante a população e a torna OBJETO de eterna disputa entre os 2 maiores Mauricinhos Galãs da literatura. WTF??? Era uma personagem que merecia muito, mas MUITO mais...

Fora as tramas paralelas, que nada tinha a ver com os personagens principais do 1º livro e mais queridos.
Tanto a trama de Liriel e Snail, quanto a de Robin Hood eu achei extremamente maçante e até irritante desde que apareceram... mas li e dei atenção, por acreditar que no final seria realmente importante! Me enganei!!! É totalmente irrelevante... Se você quiser ler a trilogia pulando todos os blá blá blás... de Snail e sua turma, bem como da guerra por Sherwood pode pular sem receio e ainda assim entender plenamente o final... porque só o que interessava o tempo todo mesmo era a história de João! Tudo isso foi apenas encheção de linguiça para explorar alguns personagens e histórias famosos, como o próprio Robin e seu bando e Oliver Twist.
O que me pareceu é que ele só queria colocar a Liriel - sem nenhuma explicação plausível - como a X-Men da história. Ah, sim! Ela é Jean Gray. Não só tem os mesmos poderes, como é igualmente ruiva. E qual foi a finalidade de todo aquela chatice de treinamento forçado no 2º livro, além da utilidade na batalha por Sherwood que no fim das contas teve relevância zero pra trama toda???

Aliás... falando em bandos de garotos... a Terra do Nunca foi a maior viagem que eu jamais imaginaria!!! Aparentemente hoje em dia pode-se inventar uma raça humanóide qualquer e chamá-la de elfa no seu livro de fantasia, mesmo que ela tenha muito pouco ou nada a ver com ellfos como conhecemos a partir do conceito tolkieniano!!!

Axel, tão popular e querido, se tornou um personagem decadente, rebaixado a marido da elfa guerreira.

A GRANDE Guerra tão anunciada o tempo todo não passou de uma única batalha. Tá, mais de uma batalha, afinal embora só uma tenha sido descrita também houve batalhas em outros reinos. Só que a Primeira Guerra Mundial de Nova Éther durou apenas UM dia!!!
Toda aquela cena de discussão entre os soberanos dos vários reinos durante a coroação do rei (2º livro), para no fim ter apenas UM DIA de batalha e ainda intitulá-la como Guerra Mundial! Ninguém merece!!!
Mas o melhor mesmo foi o motivo dessa "guerra". Como se já não houvesse personagens em excesso deste o 1º livro o autor inventa mais uma tramóia mirabolante e inclui logo no 1º capítulo do 3º livro João, Pé-de-Feijão! Só que, claro, já temos um João na história, então foi preciso dar-lhe outro nome:  Jack.
E novamente eu fico sem entender essa mistureba de nomes portugueses, ingleses, espanhóis e italianos como se Arzallum não tivesse uma cultura ou língua própria e definida. Ah, sim... uma língua é citada, a língua altiva -... mas nenhuma palavra nessa língua é mostrada e nem muito menos os nomes sustentam a existência dela.

Mas voltando ao assunto do garoto: tão somente no momento em que ele resolve subir na árvore são citados os dragões desse mundo.
Ah, sim! Esqueci de comentar antes que resolvi ler essa trilogia também por causa do nome, uma vez que sou apaixonada por quase (é, tenho que dizer quase porque tem umas por aí hoje em dia que.... bléh!) todas as histórias em que esses SERES aparecem... passei 2 livros inteiros esperando e nada! Só foi citada até então a guarda especial de caçadores de bruxas que usam esse nome, a elite do exército.
E mesmo quando estes seres aparecem são apenas rapidamente citados como seres poderosos, sobrenaturais e guardiões!!!
Quase tudo nesse livro gira em torno do problema criado por esse garoto, Jack, ao subir a terra dos gigantes e sua mãe ambiciosa que cria tudo isso por... ahn... status social. Novamente: WTF???

Falando de mais algumas coisas fora de lugar e completamente desnecessárias: Ariane tem sonhos sobre outros mundos que são detalhadamente descritos e fazem parte da sua evolução como tocada, como bruxa branca. Mas seus sonhos fazem claríssima referência à cultura pop que conhecemos muito bem de nossas infâncias, como Thundercats. O que raios Thundercats tem a ver com o resto???
São páginas e páginas, capítulos inteiros falando desses sonhos... e nas conversas com sua anciã dá-se a entender que futuramente eles terão muita importância, porque Ariane poderá viajar para esses mundos paralelos um dia... e que algo grave está acontecendo e pode interferir em Nova Éther, a julgar pela seriedade e preocupação de sua mãe e de sua mestra. Mas adivinha??? NADA acontece a respeito disso... Novamente é algo que não tem a mínima relevância para a história principal.

O tempo todo parece que há uma preparação para algo grandioso acontecer até o final. Algo épico. Só que as páginas vão passando, passando... eeee... esse "algo épico" que deveria interligar tudo nunca chega, nunca acontece!!!
Até mesmo a Batalha Mundial (eu a chamaria apenas de continental, uma vez que não envolve o Oriente de Nova Ether) que já comentei só acontece para que o exército seja obrigado a se ausentar de Arzallum, de modo que a cidade é invadida - de novo - por piratas e assim João pode ter seu grande momento de herói e liderar seus companheiros aprendizes em uma batalha urbana. Tudo para que no fim ele seja promovido e condecorado!!! Ou seja, tudo isso foi só uma grande desculpa elaborada para dar a João Hanson seu grande momento.
Só que se toda a trilogia era sobre João, realmente não havia necessidade de detalhar tanto T-U-D-O que acontecia com outros personagens... principalmente as intrigas entre chefes de estado e família real que me soaram tão falsas!!!

E a tão falada, alardeada, instigada revolução tecnológica???
É ficou só no papo e em algumas engenhocas mesmo... não temos ideia do tamanho de seu impacto dali pra frente e sequer se seria assim realmente tão revolucionária e aceita, já que não é uma tecnologia comum com a nossa, baseada em ciência... e sim uma tecnologia baseada em magia.
Sabe aquele papo super complexo sobre magia vermelha e sobre a cultura oriental e Nova Éther? E aquela apresentação da Princesa de Jade? Pode pular tudo isso se quiser... Não fará falta!

Sim, as engenhocas voadoras foram úteis em certas partes criticas, mas foi só isso! É o mesmo caso do João: não precisava de tanta explicação, demonstração, enrolação, detalhamento apenas para dizer que eles conseguiram, com ajuda dos orientais, engenhocas voadoras que auxiliaram em momentos onde a velocidade fosse crucial!
Praticamente nada foi aproveitado disso, além da engenhoca voadora. Foi uma tentativa falha - e muito cansativa - de prenunciar que aquele mundo se tornaria um mundo SteamPunk.

Outra coisa me irritou profundamente: Raphael Dracon, sei lá porque, despejou toda a sua implicância ou desgosto pelas obras de Alexandre Dumas nessa série. O problema é que EU sou grande fã do Dumas =/
Aramis virou nome equivalente a Inferno (WTF???)
Athos virou um tremendo cretino, nojento, fdp (Oh, God... Why???)
E o pior estrago foi o Conde de Monte Cristo: que acabou sendo o grande vilão, bruxo das trevas e mais um degrau na ascensão de João.

E eu realmente não compreendi porque usar esses personagens maravilhosos dessa forma. Aliás, ainda bem que ele nem tocou no nome de Porthos, porque aí eu teria mesmo abandonado o livro!!!


Veredito Final:

O primeiro livro é bom. Não direi ótimo ou excelente, pois a narração é bastante empacada em muitas partes. Então, ainda precisaria comer muito arroz com feijão para ficar "excelente".
Mas é uma boa história de Fantasia.

Os outros 2 me pareceram excessivamente pretensiosos e o autor acabou se enrolando todo, metendo os pés pelas mãos.

É difícil identificar o público-alvo da série. Em certos pontos parece um livro voltado para Jovens Adultos, mas ao mesmo tempo há uma linguagem infantilizada (explicando absolutamente tudo tim-tim por tim-tim minuciosa e confusamente).

No todo, ficou apenas uma sensação mista de decepção, frustração e irritação.


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